MEIO SÉCULO DE PAIXÃO: novembro 2011

S. Pedro de Moel 1963

Vitória no Rallye de S. Pedro de Moel de 1963, ainda no 356 "Notchback"vermelho e preto, com José Lampreia.

1963

8/10 Junho - 14º Rali S. Pedro de Moel - Verde Pino

Num Porsche 1600 S em GT, vence a classe (1000 a 2000)

É o 2º da geral e ganha por equipas, pelo Arte e Sport,

sendo os outros dois condutores - as equipas eram de 3

carros - o Horacio Macedo e o Américo Nunes.

28/31 Dezembro - VIII Rali Fim de Ano

Alinha pela Agronomia, na classe de 1001 a 2000 dos GT,

classificando-se em 2º da classe (IX) e 5º da geral.

- Sem data - Rali Encerramento do SCP

Alinha com o nº 11, pelo Arte e Sport e mais não descobri.

(APF)

A Primeira Época - 1962

A imagem é relativa ao VII Rallye de Fim do Ano à Figueira da Foz, disputado a 31 de Dezembro de 1962. Mas essa foi apenas a última prova da época.

Segundo Ângelo Pinto da Fonseca (a quem agradeço mais este serviço prestado às gloriosas memórias do "antigamente"), Carlos Duarte Ferreira e o Porsche 356 "Notchback" participaram também em:

1962

25 Março - Rali Iniciados do Arte e Sport

Vence a II classe (1000 a 2000) dos GT;

10/11 Novembro - Rali de S. Martinho

Alinha como Individual, na classe III (1300 a 2000) dos GT, clas-

sificando-se em 3º da classe e 7º da geral;

Sem data - 13º Rali de S. Pedro de Moel, fica em 4º da IX classe dos GT;

31 de Dezembro - Rali Fim de Ano à Figueira da Foz

Novamente como Individual, alinha com um Porsche 1600 S,

com o nº 63, na classe 1300 a 2000 dos GT. Não sei a classificação.

Em Julho de 2007, um grupo de portugueses participou na edição nº 51 do Rallye Internacional dos Alpes, uma das provas mais duras e interessantes do calendário europeu. Carlos Duarte Ferreira esteve presente, como sempre ao volante do Porsche 356 amarelo, e não consta que tenha tido quaisquer problemas.
Apesar da época estival, as condições meteorológicas estavam longe de ser perfeitas, como o atestam os 5 centímetros de neve encontrados no Grimsel Pass, na Suiça. A prova visitou também as regiões alpinas da Austria, Alemanha e Itália.
Notas :
- As duas imagens mais pequenas pertencem a José Ricardo Costa Simões, a quem agradeço.
- Por erro do autor nas definições deste blogue, a opção "comentários" não estava até agora disponível. Problema resolvido, apresento as minhas desculpas aos leitores.

No Princípio

À partida para um das provas do Critério de Iniciados de 1962, na Praça do Império, Lisboa. A equipa do Porsche 356 1600 S "Notchback" nº 76 é formada por Carlos Duarte Ferreira e "Xau" Leite de Faria. A seu lado, no MG Midget nº 75, estão Manuel Teixeira Diniz e José Megre (de fato e gravata).

Conforme vos disse , tive a sorte de estar presente nesta prova, onde os dois 356 me fizeram esquecer os MGA e outros TR . No fim da prova , era habitual alguns consagrados e membros da organização fazerem o gosto ao dedo,e então chega um 300SL azul met. conduzido pelo vencedor de Monsanto 57, JM Simões, que brilhou. Sucede que o 300SL era pertença de FD Ferreira tio do CD Ferreira , penso eu. Será um caso de ADN que conduz a vírus familiar? Cump Luis

O Fernando era meu primo direito, e sempre tivemos , durante toda a vida dele (morreu em 1993 ) ,uma amizade sem uma nuvem. Gostava de saber mais sobre a sua carreira automobilistica que ,creio, terminou em 1959 ou1960. Teve um Triumph TR2, BC-20 -09,uma Alfa Giulietta Sprint Veloce de aluminio e com micas em vez de vidros de correr e , depois ,o 300SL.
Onde andará esse Alfa encarnado, carro que suponho bastante raro ?
CDF

Nas Termas

Em novembro de 1962, Carlos Duarte Ferreira disputa o XI Rallye de S. Martinho às Termas de Monfortinho, ainda com o 356 "Notchback" preto e vermelho. Note-se a enorme multidão que assistia à prova de "slalon", moldura impensável nos dias de hoje.

VII Rallye do Fim de Ano

VII Rallye do Fim de Ano à Figueira da Foz, disputado a 29 e 30 de Dezembro de 1962, que incluía também o Concurso de Elegância e Conforto Automóvel.

A Caminho de Le Mans

Na foto de baixo, manhã de 6 de Julho de 2010, junto ao Clube de Tiro a Chumbo de Monsanto. Partida da brigada Porsche 356 portuguesa que participou na Le Mans Classics 2010. A contar da esquerda, Luis Nascimento, Carlos Duarte Ferreira, José Guedes e Vasco Pinto Basto.
À direita, fotografada algures no meio da Espanha profunda, a mais antiga equipa do país (do mundo?) ainda em actividade neste modelo, parece perguntar "Quatro mil quilómetros de estrada em Porsche 356? Até dá vontade de rir..."

III Rallye do IST

Março de 1964. A equipa formada por Carlos Duarte Ferreira e Vasco Pinto Basto obtém a vitória absoluta no III Rallye do Instituto Superior Técnico, tripulando o Porsche SC. Ei-lo aqui na prova de aceleração e travagem disputada junto do Estádio de Alvalade.

Circuito da Boca do Inferno

Alguns preferiam chamar-lhe Circuito de Cascais, mas de acordo com o jornal "Motor" era mesmo Boca do Inferno o nome oficial da prova. Percurso rápido mas difícil (principalmente para os carros mais potentes) ao longo do qual se distribuíam largos milhares de espectadores.

Em 1964, Carlos Duarte Ferreira travou um emocionante duelo com Américo Nunes, ambos equipados com Porsches 356 SC recentemente adquiridos, mas já claramente impotentes face à concorrência formada principalmente pelos Lotus Elan e Jaguar E.

O vencedor seria R. C. Kerrison, em Ferrari GTO, ficando "Nicha" Cabral em segundo e António Peixinho em terceiro, ambos em Lotus Elan. Entre os Porsche, Américo Nunes chegou em 12º lugar e Carlos Duarte Ferreira, em 13º.

Note-se o curioso "lábio" pintado na dianteira do 356 de Américo Nunes. Estranha ideia...

Montes Claros 1964

Participação no circuito de Montes Claros de 1964 ao volante do novo Porsche 356 SC vermelho. Aquiles de Brito foi o vencedor da corrida, em Jaguar E, mas foi José Lampreia, no Porsche 356 "Notchback" ex-Carlos Duarte Ferreira (devidamente "vitaminado" por mestre Jaime Rodrigues), quem proporcionou o maior espectáculo, conseguindo um brilhante segundo lugar na classificação final.

Critério de Iniciados 1962

O "Notchback" ainda na sua cor original, cinza metalizado, durante uma prova disputada na Praça do Império, em Lisboa, a contar para o Critério de Iniciados de 1962.

Carlos Duarte Ferreira venceu três das quatro provas que contavam para esta competição, criada pelo Clube 100 à Hora para promover novos valores do automobilismo nacional.

Rallye de S. Pedro de Moel 1963

Com Porsche 356 "Notchback" durante o Rallye de S. Pedro de Moel. Tratava-se da versão T5, de 1961, com motor de 75 cavalos. Nesta fase o carro já tinha sido pintado de preto (base) e vermelho (hard top), em vez do cinza metalizado original.

Os Meus Porsche 356

Tudo começou com o invulgar Porsche 356 B "Notchback" matrícula BA-48-22.

Fui comprá-lo à Guérin em fins de 1961, com um cheque em branco assinado pelo meu Pai. Foi o senhor Duarte Ramos Jorge, administrador da empresa, quem mo vendeu pessoalmente. Quando lhe pedi um desconto, o senhor apercebeu-se da minha ingenuidade e ofereceu-me um magnífico rádio Blaupunkt. O meu primeiro Porsche 356 era cinzento metalizado. Bonito, sem dúvida, mas...

Eu pretendia um Coupé (em vez do "Notchback") com uma cor diferente, mas foi-nos dito ( ao meu querido primo Fernando, que "alinhavou" o negócio, e a mim) que só dentro de alguns meses estariam disponíveis carros desse tipo.

Decidi então ficar com o "Notchback", um 1600 Super com 75 cavalos e que tinha apenas uma grelha no capot do motor (T5). Com ele fiz, sem quaisquer modificações, o Critério de Iniciados de 1962, organizado pelo Clube Arte e Sport, tendo terminado no 2º lugar absoluto apesar de ter vencido a maioria das provas. mas como falhei uma, contou a média.

Conheci entretanto o José Lampreia, que tinha um Alfa Romeo Giulietta Sprint Veloce, com transformação Conrero, e que estava pintado a duas cores: creme por baixo e vermelho em cima. Foi o suficiente para que eu quisesse fazer o mesmo ao Porsche, que passou a ser preto no corpo e vermelho na capota. Era esquisito mas era único.

Em 1962 e 63 era frequente estes dois carros serem vistos à porta de conhecidas "casas de chá" da época, com nomes como "Comodoro", "Nina", "Bico Dourado", "A Carpa", etc. Pura coincidência, certamente.

O Zé Lampreia e eu fizemos com o "Notchback" a Taça de Ouro de 1962, organizada pelo Heitor de Morais, e que seria a primeira prova a abandonar o conceito de regularidades e "tacos" para se concentrar em troços especiais, rampas e circuitos. Partilhávamos alternadamente a condução e foi assim que acabei por fazer um troço de Sintra ao lado dele, onde já entráramos atrasados. Nunca sofri tanto em dias da minha vida! O grande Lampreia não deixava o Porsche andar a direito, aproveitando cada milímetro de asfalto, de berma a berma

O Alfa do Zé Lampreia estava a ficar velho e resolvemos então fazer negócio. O Zé ficou com o Porsche "Notchback" vermelho e preto, e eu recebi um novo Porsche 356 SC vermelho, matrícula AI-78-33, que chegou a Portugal juntamente com um carro idêntico destinado ao Américo Nunes.

O Lampreia pintou o carro todo de preto, instalou travões de disco na frente, e entregou a preparação do motor ao Jaime Rodrigues. Em consequência, o "Notchback" passou a andar bem mais que o meu novíssimo SC, e acabou por conquistar um brilhante 2º lugar no circuito de Montes Claros de 1964.

Na altura havia 4 Porsches na minha família. O meu irmão tinha um 356A Coupé branco, o meu primo Octávio conduzia um 356B 1600 Super T5 Cabrio e o meu primo Fernando tinha um outro "Notchback", um Super 90 T5 "signal red".

Actualmente tenho um Porsche 356 SC amarelo, matrícula FE-43-09, com o qual participei em todas as edições das 500 Milhas do ACP, na Le Mans Classics de 2010, e em muitas outros eventos de Clássicos, em Portugal e no estrangeiro.

Comecei com o Vasco Pinto Basto como "pendura", nos ralis, e ainda hoje fazemos provas juntos, formando aquela que será talvez a mais antiga equipa de sempre ainda em actividade nos Porsche 356.

E assim se cumprem 50 anos desta imensa paixão.